Novos casais – antigos amores
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O Dia dos Namorados faz emergir indagações sobre o amor. E como anda o amor, tão cantado em verso e prosa? E a busca pela cara metade?
Freud afirma que a busca do partner evoca, desperta ou ativa algum traço parcial no sujeito das primeiras relações amorosas. A primeira marca de prazer e satisfação. Entre o encanto do reencontro e o desencanto da ausência é o lugar onde convergem os apaixonados.
A ilusão de ter a mesma ilusão… Na parceria amorosa, implica em momentos mágicos onde os dois acreditam terem encontrado aquilo que sonharam. Esse é o território de projeções entrecruzadas, fantasias de continuidade, completude e transcendência. Não seria o “campo virtual”algo inerente à natureza das paixões? Um espaço de sonho e desejo?
“Os enamorados” – diz William Shakespeare – “buscam a noite”. Território das idealizações e intensas atrações. A grande questão aparece quando a luz da realidade, a existência do outro, se faz presente.
Qual é o espaço para a alteridade? Para a existência do outro enquanto outro, o diferente? Qual a tolerância para a dor de perceber que o outro não alberga somente nossas projeções? Que o partner existe por si, diferente do que se imagina?
Na atualidade
A busca pela satisfação instantânea, o abandonar-se aos impulsos, estar em movimento, alta velocidade, uma aventura estimulante… Nas parcerias, leva por vezes a “amores líquidos”, como se refere Zygmunt Bauman. Laços frágeis que, frente à frustração do não encontro daquilo que almeja, emerge o pesadelo. A desilusão leva facilmente a rompimentos; sempre está a possibilidade de apertar a tecla e deletar.
Por outro lado, também existem aqueles que têm espaço e recurso interno para lidar com os desencontros e experimentar o desconhecido; a possibilidade de um novo vínculo nasce de um entre dois. No momento em que o amor se apresenta, o prazer é inerente ao encontro, surge uma esperança. Há uma inquietação e uma descoberta de quem se apresenta.
O amor vive da incompletude. É a falta, a busca que nos põe em movimento. O desejo precisa de tempo para germinar, crescer e amadurecer. E no dizer do poeta Arnaldo Antunes: “O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo por conjunção estrelar. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério pela paz que o outro dá ou pelo tormento que provoca”.
Regina Maria Rahmi é membro associado da SBPSP, professora dos Seminários de Psicanalise dos vínculos de Família e casal da (Dac), diretoria de Atendimento a Comunidade da SBPSP e coordenadora do curso de especialização de Família e casal na atualidade – Instituto Sedes Sapientiae.
Foto: We Heart It
One reply on “Novos casais – antigos amores”
Excelente reflexão!!