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COMO PENSAR SOBRE ADOÇÃO NA TRAGÉDIA DE BRUMADINHO… E NA VIDA

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Ante a tragédia de Brumadinho e a orfandade como consequência dos progenitores mortos e desaparecidos,  a adoção pensada e elaborada pelos futuros pais adotantes destes bebês, crianças e adolescentes (B.C.A.) surge como alternativa válida e urgente. Evitar os efeitos perigosos – ora da institucionalização desses seres, ora da privação das funções parentais – permitirá transformar riscos psíquicos em esperança de desenvolvimento.

Importa pensar:

  • Por melhor que seja o abrigo, ele não pode substituir uma família suficientemente boa.
  • O ser adotado dará mais trabalho pelos traumas sofridos. Os pais serão testados pelos filhos adotados, para saberem se eles realmente desejam serem pais desse filho.
  • Fantasmas como “Eu não serei rejeitado, expulso, devolvido?” são frequentes.
  • Facilitar o surgimento das questões profundas, mesmo que dolorosas, no dialogo entre pais e filhos.
  • Abordar a verdade possível, dosada com amor, para que o filho a possa assimilar e elaborar.
  • Quando há filhos biológicos na família que adota uma criança, o complexo fraterno – a relação entre os irmãos – pode vir a ser complicada.
  • A necessária diferença entre os irmãos não pode ser interpretada pelos pais como desqualificação do ser adotado: “o coitadinho”.
  • O nome é o berço da identidade do sujeito. O bebê foi envolvido com esse manto sonoro no apogeu da sensorialidade. Por isto, importa não mudar o nome do ser adotado.
  • Ante a aparição dos transtornos psíquicos, será possível fazer uma avaliação psicanalítica e ela consiste em certas entrevistas com os pais, o filho, a família, por um psicanalista especializado em crianças e adolescentes.
  • Hipóteses aparecem nesse trabalho compartilhado com o profisional, para compreender em profundidade a queixa apresentada e o sofrimento tanto do paciente quanto dos pais e irmãos.
  • Como perceber a presença de transtornos psíquicos? Quando há na relação entre pais e filhos um mal-estar quase permanente, preocupações intensas, mentiras, falta de alegria na relação, um estranhamento na convivência, provocações agressivas, violência, entre outras questões.
  • Os transtornos emocionais aparecem nos sintomas físicos reiterados, nos problemas no aprendizado, nas condutas antissociais – como roubos e mentiras –, nas adições, nos terrores noturnos, na enurese e ecoprese, na anorexia e bulimia, nos TICs reiterados, na apatia.
  • No bebê, como detectar os sinais de risco psíquico? O bebê que não olha nos olhos, não sorri, não balbucia, não brinca; que apresenta dificuldades na alimentação, no sono, recusa o contato humano, prefere objetos especialmente duros; o bebê apático, passivo, aquele que não dá trabalho; ou aquele ser ansioso, hiperativo e com condutas estranhas, estereotipadas.
  • Os transtornos emocionais são como um câncer, por isso importa a urgência do atendimento específico. Abaixo, cito alguns lugares onde os interessados podem procurar ajuda psicoanalítica.
  • O tempo não resolve a falta de estruturação da subjetividade e suas perturbações. O perigo é a cronificação desses transtornos.
  • Sempre que seja possível, priorizar uma família acolhedora para a criança órfã, que cuide dela temporariamente sem o compromisso de adotá-la, até que a adoção seja legalizada numa outra família. Esse caminho pode evitar o trauma da institucionalização.
  • Os vínculos afetivos criados nessa família acolhedora – mesmo que temporários – podem permitir:
  • O desenvolvimento emocional do ser em orfandade;
  • O necessário investimento para que esse ser, quando pequeno, seja o centro das atenções para construir a autoestima;
  • O reconhecimento de suas potencialidades;
  • O permanente convite para criar vínculos afetivos;
  • O brincar compartilhado;
  • A narração de relatos, contos, que permitam criar a história da criança incluindo o antes e o após a tragédia,
  • A criação de dramatizações que permitam elaborar o trauma;
  • A expressão artística através do desenho, a pintura, a modelagem em argila, massinha, a escrita nos adolescentes, a composição de músicas de protesto;
  • A realização de um álbum, um vídeo com os membros da família biológica, da família acolhedora e da família adotante, com cenas significativas da convivência em cada um destes lares;
  • Elaborar a separação, a perda, o luto quando a criança deixe a família acolhedora para ir à família adotante;
  • Facilitar a visita ao lugar para chorar e homenagear os seres mortos;
  • Que a tragédia e suas consequências entre na roda das conversas familiares, ao invés de ser silenciada;
  • Propiciar a relação entre a família acolhedora e a família adotante;
  • Outras possibilidades a pensar.

Este video que gravei na SBPSP para os colegas que estão trabalhando em campo, com o sofrimento e os múltiplos traumas em Brumadinho, pretende oferecer, humildemente, certas ideias fundamentadas na experiência e no conhecimento do pensamento psicanalítico.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=_jRyssuVYiA&w=560&h=315]

Onde os interessados ​​podem buscar ajuda:

FEBRAPSI (FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE PSICANÁLISE)

Congregação das sociedades psicanalíticas brasileiras filiadas à Associação Internacional de Psicanálise (IPA), organiza e fortalece suas atividades de divulgação, e ensino da psicanálise em nosso território, além de participação na Federação Psicanalítica da América Latina (FEPAL).

Entre em contato: (21) 2235-5922; contato@febrapsi.org

SBPMG (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICANÁLISE DE MINAS GERAIS)

A Sociedade Psicanalítica de Minas Gerais é filiada à Federação Brasileira de Psicanálise (FEBRAPSI) e à Associação Psicanalítica da América Latina (FEPAL) e à componente psicanalítica internacional (UIE), a única instituição mineira a oferecer treinamento psicanalítico nos padrões exigido pelo IPA.

Entre em contato: (31) 3224-5405

GRUPO DE ADOÇÃO E PARENTALIDADE SBPSP

Este Grupo Coordenado por Gina Levinzon e Alicia Lisondo se reúne o segundo sábado de cada mes das 11:30hs às 13hs na SBPSP, Av. Cardoso de Melo 1450, 9° piso – Vila Olimpia / SP. Os professionais podem presentar suas experiencias de trabalho nos abrigos, Poder Judiciario, sessões de Picoterapia, Relatos de Observação de Bebês Método Esther Bick. È preciso se contactar previamente com as coordenadoras, e   enviar uma presentacão por escrito para a posterior discussão neste grupo.

ALICIA BEATRIZ DORADO DE LISONDO

Oferece uma hora e um mês para falar sobre as preocupações, problemas, discussões da B.A.N. com um grupo de 6 a 8 participantes – professores, voluntários, agentes de saúde, familiares, trabalhadores do Judiciário – pela SKYPE, na última sexta-feira do mês, das 10h30 às 12h00.

Alicia Beatriz Dorado de Lisondo é psicanalista Didata, Docente, Psicanalista de Crianças e Adolescentes pela IPA do GEP Campinas e da SBPSP; filiada à International Psychoanalytic Association; Cofundadora do Núcleo de Estudos Psicanalíticos de Campinas – Atualmente GEP Campinas. alicia.beatriz.lisondo@gmail.com



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