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A clínica com imigrantes

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* Maria Augusta Marsiaj Gomes
* Marcella Monteiro de Souza e Silva

Pela complexidade do tema, essa modalidade demandou um novo modelo de atendimento no qual outras disciplinas, além da Psicanálise, como a Antropologia e a Linguística, foram convocadas.

As figuras do migrante e do refugiado não são exclusivas dos nossos tempos. O processo de deslocamento à procura de segurança é um ato milenar que remonta ao florescimento dos antigos grandes impérios do Oriente Médio. Porém a institucionalização e regulamentação dessa condição, através do Direito Internacional, deram-se somente após a Segunda Guerra Mundial.

Em 1951, a convenção das Nações Unidas definiu como refugiado toda pessoa que, em razão de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer fazer uso da proteção desse país ou, não tendo uma nacionalidade e estando fora do país em que residia como resultado daqueles eventos, não pode ou, em razão daqueles temores, não quer regressar ao mesmo (ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para o Refugiado).

Em 1964, através da Convenção de Cartagena, foram incluídas nessa categoria de refugiado toda pessoa que esteja fugindo graças “a grave e generalizada violação dos direitos humanos e conflitos armados”.

A busca de refúgio é um tipo específico de migração. Esta caracteriza-se por ser um movimento populacional que compreende qualquer deslocamento de pessoas, independentemente da extensão, da composição ou das causas; daí incluir a migração de refugiados, pessoas deslocadas e migrantes econômicos. Pode ainda ser temporária ou definitiva, espontânea ou forçada, interna ou internacional.

A legislação brasileira é considerada excelente pela Organização das Nações Unidas (ONU) dada a sua abrangência e modernidade, uma vez que foi escrita sob a ótica dos direitos humanos e não sob o ângulo do direito penal e, também, por preconizar todos os dispositivos de proteção ao refugiado. Ela determina que toda pessoa refugiada, uma vez no Brasil, pode obter documentos, trabalhar, estudar e exercer os mesmos direitos civis que qualquer cidadão estrangeiro em situação regular no país e prescreve, ainda, que a responsabilidade pela proteção e integração de refugiados no território nacional é primariamente do Estado.

No entanto, na prática, a integração de fato é ainda bastante precária, dada a carência de políticas públicas e de profissionais capacitados formados para o acolhimento e cuidado específico de que essa população precisa. No vácuo de dispositivos de acolhimento ao migrante e refugiado fornecidos pelo Estado, instituições filantrópicas como, por exemplos, Missão Paz e Cáritas ou ONGs como IKMR, dentre outras, se esforçam no sentido de promover o acolhimento e a melhoria de condições de integração dos migrantes e refugiados no Brasil.

A migração é, portanto, um acontecimento social indissociável da história humana. Porém, como nos alerta Moro (2002), o acontecimento migratório é também um acontecimento psíquico, uma vez que “a ruptura com o ambiente externo, de origem, é acompanhada por uma ruptura do quadro cultural internalizado do paciente, que até então lhe oferecia importantes referenciais simbólicos identitários”.

Cada cultura disponibiliza ao sujeito uma multiplicidade de elementos com os quais ele constrói uma chave de leitura do mundo e a partir dos quais confere sentido às suas experiências.

No complexo acontecimento migratório, o sujeito estará exposto à perda desses referenciais internalizados que o ajudam a elaborar suas vivências e será desafiado a enfrentar situações, na maioria das vezes, de vulnerabilidade e precariedade no país de acolhimento. É fácil supor, portanto, que tal acontecimento comporte um grande potencial traumático, pois exigirá do sujeito uma reorganização interna em um contexto no qual se encontram barreiras linguísticas, sociais e culturais significativas, bem como condições de acolhimento nem sempre favoráveis no país de destino (devido principalmente à discriminação e ao racismo). A isso se soma a situação que precede o deslocamento: geralmente marcada por graves conflitos e dificuldades de várias ordens, além de sentimentos de ambivalência e culpa.

Embora a migração faça parte da história da humanidade, a migração atual tem características específicas. São várias suas causas: guerras civis e étnicas, fome, pobreza ou desastres naturais como o terremoto no Haiti.

Clínica Transcultural

A Clínica Transcultural foi criada para propiciar o atendimento psicanalítico à população de migrantes que chega em outro país em situação de deslocamento. A complexidade da situação (diferenças linguísticas e culturais, como modelos familiares, de cuidado, de parentalidade, religião, entre outras) associada à concretude de suas necessidades demandaram um novo modelo clínico no qual outras disciplinas, além da Psicanálise, como a Antropologia e a Linguística, foram convocadas.

A Clínica Transcultural se desenvolveu da etnopsicanálise (disciplina cujos pressupostos provêm da Etnologia, da Psiquiatria e da Psicanálise), criada por Georges Devereux, antropólogo e psicanalista, a partir de seu trabalho com os índios Mohave, dos Estados Unidos. Estudante da disciplina, Marie Rose Moro, psicanalista, é quem cria uma unidade de serviço transcultural para famílias de migrantes em 1985, em Paris: a Clínica Transcultural.

Esse método está assentado em três princípios básicos:

  1. Universalidade psíquica, que supõe que a essência do psiquismo (inconsciente) é comum a todo ser humano.
  2. Complementaridade, que considera não só a compreensão do indivíduo mas também da sociedade e da cultura.
  3. Descentramento: um deslocamento da própria cultura (do analista), permitindo uma atitude empática e ausente de julgamento sobre as representações culturais do paciente.

O descentramento implica em uma atenção especial aos efeitos contratransferenciais, que, no contexto transcultural, se tornam ainda mais complexos, pois nos deparamos com situações culturais que nos causam estranheza e desconforto. Como na Psicanálise tradicional, observar como somos afetados pelo paciente é a melhor maneira de elaborar o impacto que ele tem sobre nós.

Atendemos um casal muçulmano do Sudão que nos impressionou pela grande submissão da moça ao marido. Sua melancolia não recebia o apoio e solidariedade que esperávamos em um modelo de casal tal como concebido por nós. Tivemos que fazer um trabalho interior para acolher que aquela era a maneira como a cultura do casal regulava as relações entre homem e mulher.

Em alguns países africanos, em sociedades coletivistas, os lugares reservados aos homens e às mulheres são muito diferentes dos das culturas ocidentais modernas; determinados assuntos só se falam entre elas, não se conversam com os maridos. Só quando conseguimos colocar nossos preconceitos de lado e ouvi-lo com empatia foi que o casal sentiu-se mais compreendido, adquirindo confiança no grupo terapêutico.

Setting

Existem várias modalidades de atendimento psicológico a migrantes. Em São Paulo, algumas instituições oferecem esse atendimento, dentre elas destacamos o grupo Veredas, o Projeto Ponte, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Ambulatório de Psiquiatria Social e Cultural do Hospital das Clínicas. Aqui centraremos na Clínica Transcultural familiar que temos realizado no Centro de Atendimento da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, inspirada pela experiência de Marie Rose Moro.

Quando uma pessoa ou família nos é encaminhada, fazemos uma avaliação prévia para decidir qual o tratamento mais adequado para aquele determinado grupo familiar ou indivíduo. O setting na clínica transcultural familiar deverá espelhar e fazer funcionar os princípios relatados anteriormente (universalidade, complementaridade e descentramento).

O trabalho se dá com um grupo de terapeutas, sendo que um deles ocupa o papel de coordenador. Um ou dois desses terapeutas se ocupam das crianças, funcionando como interlocutores dos aspectos emocionais que se apresentam por meio dos desenhos e do brincar. Na maioria dos casos, um tradutor também participa do grupo, pois se valoriza a possibilidade de trânsito entre a língua materna e a língua do país de acolhimento. Outro elemento importante é o representante da instituição que encaminhou a família, pois ele faz uma ponte entre a instituição e nós, fundamental em uma situação de tantas rupturas com o contexto dos imigrantes.

A função do grupo de terapeutas é acolher as representações dos pacientes e, abdicando do julgamento, realizar um trabalho interno de continência e rêverie (Bion, 1962), procurando transformar em sonhos as experiências traumáticas relatadas pela família. Esses sonhos/pensamentos alfa (Bion, 1962) são oferecidos ao grupo e transmitidas à família pela terapeuta principal, como se o grupo funcionasse como uma caixa de ressonância para a família.

Consequências psíquicas

Crise de identidade – Em Psicanálise, o trauma diz respeito a uma relação entre estímulo e uma insuficiência na sua elaboração psíquica. Quanto mais intenso for o estímulo, mais importante a qualidade do processo de sonhar ou pensar, que nada mais são do que a transformação dos estímulos que recaem sobre o psiquismo em qualidades psíquicas. Para ordenar o caos que incide no psiquismo é necessária outra subjetividade em relação muito íntima para que essa transformação ocorra. Pensemos no caso do bebê: ele é acometido por uma série de estímulos (fome, sede, calor, frio) aos quais não consegue conferir sentido. Será a mãe, ou alguém que exerça essa função materna, a subjetividade que o ajudará a dar significado a tais estímulos desprazerosos. Ela é nosso primeiro “órgão de elaboração”, transformação; posteriormente, será tudo aquilo a que damos o nome de cultura (Nosek, 2018). O processo de socialização do ser humano acontece por meio de uma incorporação intensa de modos de sentir, pensar e agir transmitidos pela cultura, contribuindo para a construção de um quadro de referência simbólico-identitário interno, que ajudará a pessoa a dar sentido às suas experiências.

Conforme assinalamos, na imigração o enraizamento da cultura de origem se perde, padrões e técnicas de cuidados já estabelecidos se distanciam, acarretando uma ruptura desse quadro interno. Portanto, além das perdas impostas pela própria mudança, a pessoa terá que lidar ainda com a perda das referências internas que a ajudavam a “ler” o mundo e a construir a sua própria identidade. Soma-se a isso o fato de a sobrevivência no país de acolhimento requerer instrumentos desconhecidos. Por essa razão, muitas vezes a imigração vem acompanhada do sentimento de crise identitária. Sendo elas:

a) Questões de gênero – Existem muitas maneiras de ser mulher e de ser homem e esses modelos, construídos ao longo da história, variam de cultura para cultura. Numa situação de migração, é comum as pessoas se depararem com papéis de gênero oferecidos pela sociedade receptora muito diferentes daqueles internalizados, sendo necessária uma “negociação” interna entre eles. Maria, nascida em uma aldeia rural na Colômbia, nos conta como descobriu no Brasil o machismo de seu marido, fato que na sociedade mais conservadora colombiana passava despercebido. Isso a fez questionar não apenas a relação com seu marido, mas também que mulher ela é e gostaria de ser. Jobana Moya, ativista boliviana, nos relata: “É chocante como fora de seu contexto as pessoas às vezes tiram o pior delas e fazem coisas horríveis”, se referindo à maneira como alguns homens bolivianos, submetidos à “violência social” (situações de humilhação, impotência etc.), recorrem à violência dentro de casa como último recurso para sentir-se “potente”, viril. E ainda:

b) Questões de parentalidade – Tornar-se pai ou mãe implica uma passagem que demanda trabalho psíquico do sujeito, pois trata-se de uma reorganização das representações internas de si e de suas relações com os outros (os próprios pais, principalmente). Quando isso tem que ser feito num contexto cultural diferente e em uma situação de instabilidade emocional, pode ser vivido como um episódio muito doloroso.

Algumas mães apresentam um mecanismo de clivagem em relação à sua cultura de origem, “esquecendo” ou desvalorizando suas práticas culturais de acolhimento da criança. Esses mecanismos são defesas para combater o traumatismo migratório (Moro, 2014), mas podem gerar consequências nefastas às crianças, pois sabemos da importância da transmissão do repertório de experiências e vivências maternas para os filhos.

Luto – A grande maioria dos migrantes carrega dentro de si inúmeras perdas e separações: deixa para trás sua casa, família, emprego, pátria, tradições e costumes. A elaboração desses lutos requer tempo e capacidade de renúncia, porém a batalha pela sobrevivência no aqui e agora do país de acolhimento pode dificultar esse processo.

Atendemos uma família venezuelana, mãe e seus dois filhos, que pouco antes de deixar seu país tinham perdido filho e irmão de uma maneira violenta. Ficamos impactados com a tatuagem do nome do irmão na testa de um dos rapazes, em cujo rosto lágrimas, também tatuadas, escorriam. Este irmão morto continuava presente na vida desta família concretamente; um luto impossibilitado de ser processado paralisava a família havia quatro anos. Depois de alguns encontros esta dor pode começar a ser tocada e a história deste drama, a ser narrada, abrindo a possibilidade de alguma elaboração.

Patologização – Conhecimentos e saberes tornam-se duvidosos na nova terra para os migrantes e novas práticas culturais comumente lhes são impostas e muitas mulheres percebem-se sozinhas, perdidas, sem referências, sem suas famílias para lhes dar suporte, vivenciando as novas práticas de cuidado como imposições violentas.

Na Bolívia, por exemplo, há várias práticas culturais carregadas de significações importantes. O parto, por exemplo, em grande parte das vezes, é realizado em casa e a mulher permanece vestida, graças ao enorme pudor com o corpo nu. Ter filho em um hospital, ser obrigada a se despir causam enorme sofrimento para essas mulheres.

É também costume guardar a placenta para ser enterrada perto da porta da casa ou ao lado de uma árvore, pois acredita-se que quando a pessoa morre ela vai embora por este lugar. Aqui, as placentas de seus bebês são jogadas no lixo mesmo com a solicitação das mães.

Tivemos relatos de crianças bolivianas diagnosticadas erroneamente como autistas devido a sua quietude. Os povos andinos são particularmente introvertidos, característica que foi reforçada pela imposição dos colonizadores de se falar somente o espanhol. O quéchua e as outras línguas locais passaram a ser faladas somente em voz muito baixa e sempre dentro de casa.

Transformações subjetivas – O dispositivo psicoterapêutico da Clínica Transcultural, na medida em que busca integrar os níveis coletivo, intersubjetivo e intrapsíquico, tem se mostrado eficaz na promoção de transformações subjetivas relacionadas aos processos de deslocamento.

Faz-se necessário, porém, a ampliação de serviços psicológicos que possam atender essa população, bem como a criação de políticas públicas que levem em conta a complexa questão imigratória. Temos visto muitas situações de discriminação e preconceito por parte de uma sociedade que, de modo geral, é vista como receptiva e hospitaleira, devido, sobretudo, ao desconhecimento de outras culturas, bem como à falta de formação para trabalhar em contextos de cuidado e acolhimento transculturais. O modo como a conflituosa e ambivalente relação com o outro diferente de nós, o estrangeiro, é vivido e pensado ao longo da história do Ocidente nos leva a refletir sobre nossa capacidade de acolher e aceitar as formas de alteridade.

Salvo raros momentos, fonte de utopia, o estrangeiro tem sido representado como inimigo, aquele que merece ser excluído, rejeitado, mesmo exterminado, por ser visto como ameaça à identidade do grupo. Usualmente, no contato com quem vem de fora busca-se “retirar” o caráter de estranheza, de alteridade do objeto, para torná-lo possessão do sujeito. Busca-se a naturalização do estrangeiro: ele perde sua identidade, despojando-se de sua condição de estranho, de unheimlich. “Há um desejo de catequizá-lo, de torná-lo igual a nós, pois o diferente nos assusta e ameaça” (Nosek, 2017).

No século XXI, na era da globalização, da integração econômica e política, a alteridade se coloca como uma questão central, de suma importância. No contexto atual, assistimos a uma tendência à recusa, à negação do outro, do diferente. Hoje, o outro é o refugiado e o migrante.

No Brasil

De acordo com informações da OBMigra (Observatório das Migrações Internacionais), os números de 2018 sobre migração e refúgio no Brasil são os seguintes: entre as principais nacionalidades aparecem venezuelanos, em primeiro, com 61.681 pessoas; haitianos, em segundo, com 7 mil; colombianos, em terceiro, com 2.749; bolivianos, em quarto, com 1.450. Há registro de 774,2 mil imigrantes de 2010 a 2018.

Para saber mais

São 25,9 milhões de refugiados em todo o mundo

De acordo com o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para o Refugiado), atualmente estamos testemunhando os maiores níveis de deslocamento já registrados: estima-se que perto de 70,8 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a sair de casa, entre as quais quase 25,9 milhões são refugiados, sendo que mais da metade são menores de 18 anos. Calcula-se que a cada minuto 25 pessoas no mundo são deslocadas a força, em decorrência de conflitos e perseguições. A grande maioria dos migrantes provém de países em desenvolvimento, sendo que 80% dos refugiados vivem em países vizinhos, também em desenvolvimento.

REFERÊNCIAS

ARAMAYO, Jobana Moya. Ser mãe quéchua em São Paulo: um depoimento. Calibán – Revista Latino-

Americana de Psicanálise, v. 17, n. 1, 2019.

BION, W. R. A theory of thinking. In: BION, W. R. Second Thoughts. Londres: Karnac Books, 1962.

DANTAS, Sylvia. Saúde mental, interculturalidade e imigração. Revista USP, n. 114. Dossiê interculturalidades, p. 55-70, 2017.

MORO, M. R. Os ingredientes da parentalidade. Revista Latino-Americana de Psicopatologia Fundamental, VIII, n. 2, p. 258-273, 2005.

Psicoterapia transcultural da migração. Psicologia USP, v. 26, n. 2, p. 186-192, 2015.

NOSEK, Leopold. A Disposição para o Assombro. São Paulo: Editora Perspectiva, 2017.

Assombro. Federação Brasileira de Psicanálise (Febrasi), ano XVI, RJ, setembro 2018.

 

* Maria Augusta Marsiaj Gomes – Economista, Psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, participante da Clínica Transcultural da SBPSP.

* Marcella Monteiro de Souza e Silva – Bióloga, Psicóloga, Psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, professora do CEP – Centro de Estudos Psicanalítico, participante da Clínica Transcultural da SBPSP e participante do Projeto de Extensão “Interculturalidade e cuidado na E/I-Migração”, da UNIFESP.

 

** Este artigo foi publicado pela revista Psique de número 168. Clique aqui para fazer o download em PDF.



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